Em janeiro, Ballmer completou dez anos como principal executivo da Microsoft. Muita gente acha que, durante sua gestão, a empresa perdeu oportunidades e se tornou menos inovadora. Como resultado, há quem aposte que a cabeça de Ballmer vai rolar. Essa ideia começou a ganhar força depois que a revista americana Newsweek a incluiu entre suas previsões para 2010. Um balanço desses dez anos de reinado revela várias razões por que essa previsão pode se concretizar. Vejamos algumas delas.
Contra Ballmer:
- A cotação das ações da Microsoft caiu 50% durante esses dez anos. É um resultado que atinge os acionistas onde eles são mais sensíveis – no bolso.
- A empresa gastou tempo e energia demais desenvolvendo o Windows Vista – que desagradou a muitos usuários – e consertando o estrago depois com o Windows 7.
- A Microsoft perdeu por nocaute para o Google na disputa pelo mercado de buscas online e anúncios associados a elas. A compra do Yahoo! não aconteceu. E, o Bing, embora ganhe participação no mercado, ainda não é lucrativo.
- A Apple ganhou a briga na área de venda de música online, com o iTunes, e de MP3 players, com o iPod. A linha Microsoft Zune nunca chegou a ameaçar o domínio da turma da maçã.
- No mercado de celulares, o Windows Mobile, que já chegou a ter mais de 30% de participação, despencou para cerca de 7%, segundo os números mais recentes do Gartner Group.
Apesar de todos esses motivos que pesam contra Steve Ballmer, não vai ser fácil a Microsoft se livrar dele. Veja por que:
- A década Ballmer na Microsoft não foi só fracasso. O faturamento da empresa quase triplicou nesse período, indo de 23 para 58 bilhões de dólares anuais. A empresa avançou muito na área de software corporativo e se deu razoavelmente bem no mercado de jogos com o Xbox. E o Windows 7 foi, como sabemos, um sucesso. Em um trimestre a empresa vendeu 60 milhões de licenças do sistema operacional.
- Ballmer tem personalidade forte e se sai muito bem nos jogos de poder que caracterizam as grandes empresas. Ele não vai largar o osso facilmente.
- O executivo foi escolhido pessoalmente por Bill Gates para ser seu sucessor. Se Gates, fundador e maior acionista da Microsoft, resolver demiti-lo, terá de encontrar uma saída diplomática que não comprometa a imagem do executivo.
- Não há ninguém com força suficiente para substituí-lo. Essa talvez seja a barreira mais importante. O primeiro escalão da Microsoft é formado por nomes pouco expressivos. Ray Ozzie, o criador do Lotus Notes, parecia ser um candidato anos atrás, quando assumiu o posto que já foi de Bill Gates, de arquiteto chefe de software. Mas sua atuação na Microsoft tem sido tímida. Será que John Sculley* toparia?